Seguindo o baile

Mar 10, 2025

É preciso perder para ganhar.

Perder a mania, perder a razão e tantas vezes o chão. E a mente que me habita odeia perder.

Perder o controle e o norte… o que fica? O que vem depois?!

Há uma parte que morre. Há outra que nasce.

Como ficar com o que há…. Se tudo o que há é nada?!

E resta esperar, observar… há sempre uma respiração, uma onda, um silêncio, um intervalo, uma espera.

Vou apanhando a mente a querer encher esse espaço. Vou apanhando a voz que quer sair só para não lidar com o silêncio. Faz mais incómodo o silêncio do que o ruído, quando duas pessoas interagem. Vou ocupando mais os silêncios e observando se tenho mesmo algo para dizer… e surpreendo-me quando me vem o Não. Logo eu que gosto tanto de palavras dar-me conta que gosto tanto das não ditas, de silêncios partilhados que não precisam ser legendados.

E quando acho que já perdi tanto… dou-me conta que há sempre mais para perder… as vergonhas, as culpas, os medos, a razão… nunca está demais continuar a perder a razão… é que a mente sempre teima em querer controlar, pôr ordem, ter o plano, e tudo dentro da forma.

Dou-me conta que ganho espaço, liberdade quando me permito perder, quando solto. Que relaxo, confio e me entrego. Sinto-me pequena e ao mesmo tempo abraçada pela imensidão. Que sou guiada e protegida por uma força maior. Que estou permitindo que a dança me dance.

Como ter fé quando tudo corre bem?! Parece fácil…. Como ter fé quando tudo o que te resta é mesmo ter fé?! Quando tudo corre mal e tudo o que há a fazer é soltar e saltar.

E todos vamos perder…. A forma que habitamos, o corpo vai transformando-se, a vitalidade e energia com o tempo vai perdendo-se, o tempo, e a vida na forma também um dia se vai. E essa é única certeza que vamos todos perder. E no entanto queremos tanto Ganhar. E pagamos preços tão elevados para seguir ganhando ou pelos perseguir a ideia de ganhar… que perdemos tanto sem nos darmos conta de que estamos a perder.

Estou a aprender a soltar, a deixar ir, a perder cada vez melhor e a ganhar o que vem momento a momento, sabendo que dura o instante. A deixar de querer agarrar.. a soltar o esforço e o “aguentar”.

Escolho ficar em mim, sentindo, respirando, sentindo este vai e vem, que abre e fecha, contrai e expande, ora sim, ora não, ora ganha ora perde…e que vai marcando pausas, mudando ritmos.

Vou observando e participando. Às vezes confundindo-me, outras errando e às vezes acertando. Seguindo o baile.

Подобається цей допис?

Купити для Cláudia, Clai _ Bailarina Cósmica кава

Більше від Cláudia, Clai _ Bailarina Cósmica