E quando te oferecem uma pedra que é uma Grande Pedra?
As palavras são energia. Gosto de as observar, prestar atenção e cuidado no seu uso. Nem sempre consigo estar vigilante e atenta, são muitas as distrações. Mas vou tentando. Elas vão traduzindo sempre como estão os movimentos dentro e fora quero disso tenhamos consciência ou não. Por isso lhes presto também reverência. Elas são oração, são sagradas. E esta pedra foi-me oferecida e escrita por uma menina italiana, Marta, com quem estive uma semana. Partilhámos, aprendemos, olhámo-nos, dançámos, cantámos e tudo pode ser tão intenso num convívio de grupo de 24 sob 24 horas. E receber esta mensagem podia ser apenas um elogio... mas senti que fui vista e reconhecida. E como é possível num espaço tão curto de tempo ser vista em tal profundidade e clareza.
E quando estás em processo de reconstrução e regeneração ser vista é saber que ainda que estejas a colar os cacos, a tua alma sempre se mostra como é inteira.
Esse é o valor que cada um leva dentro, já ser e estar inteiro. A visão turva, os condicionamentos por vezes limitam a clareza, mas que bom que os encontros, os espelhos do caminho nos vão refletindo, mostrando e abrindo às mensagens e ao que É.
Somos Inteiros. Valiosos. Levamos dentro o diamante da Vida e do Amor. Possamo-nos nós dar-nos conta e a busca cessa, porque te encontras.
É de mim que falo, mas é para mim e para ti que falo. Tantas vezes nos distraímos. Queremos ser melhores, mostrar o nosso valor, competimos por estatuto, salário, dinheiro, bens, conquistas, coisas.... quando o melhor é grátis. O sorriso, o abraço, um nascer e pôr do sol, o calor, o frio, a terra fresca, os frutos de uma árvore, a sombra, as flores, o rio, o mar. E ocupamo-nos com a correria do trabalho, das horas que não chegam para fazer o que há para fazer. A pressa.
A pressa que nos faz perder de sentir, de desfrutar do instante, da respiração, do que se mostra e apresenta. Dos ritmos.
É de mim que falo também. Hoje estou a aprender a andar mais devagar. Mesmo que me olhem como a diferente, irreverente, à margem e louca. Já tive pressa. Já quis fazer tanta coisa ao mesmo tempo, e tanta energia para gastar. E continuo a gostar de muita coisa. Mas vou-me dando tempo.
Em primeiro lugar para descansar. É que tantos anos a correr e de pressa, é preciso desacelerar para que um novo ritmo possa se instalar. Só na quietude pode vir uma nova escuta e receber o que vai chegando.
E há pedras que são sol, que falam connosco. Há palavras, encontros, mensageiros que sempre vão chegando. Possa estar aqui para recebê-los.
E sempre Agradecer, mesmo que não se entenda, agradecer por ser e estar e vir. E à medida que agradeço vou aprendendo a ver melhor e a receber.