"Nossa alma tem sede, sede de pessoas verdadeiras...", li isto algures num post de facebook. Confesso-me não continuei a leitura, mas este trecho foi o suficiente para me fazer refletir.
A minha alma no máximo tem sede de mim. Que possa estar mais conetada a ela, às minhas partes internas, que possa permitir que ela viva neste meu corpo e templo. Quantas vezes ando perdida nas identificações, nas pessoas, nos desejos, distraída com o que sucede fora, sentindo sede, fome e que me falta. A carência que me faz sair correndo numa busca e me distrai do verdadeiro encontro.
Que já é, já está. Que não me preciso ir a lugar nenhum. Apenas abrir-me ao diálogo com o que levo dentro. Abrir o coração para dentro, para que ilumine as partes carentes de amor e calor. Quanto de mim não recebo e acolho e coloco à mercê do exterior para que considere, receba, ame, veja, compreenda e reconheça. E jamais será suficiente, porque a principal pessoa que eu quero que veja não vê, EU.
Então reconheço que o meu ser tem sede desta Alma que em mim habita. A minha alma não tem sede porque ela é plena. As partes minhas que ainda não a sentem, talvez sintam vazio, medo, falta. E são essas que vou alumiando e acolhendo para que venha a claridade, a consciência. Vou considerando, desenvolvendo a vontade e a confiança.
Recuperando as partes minhas que por sobrevivência fui deixando por aí, identificadas com outros fora de mim. Restituo-me. Essa é a oração e a vigia. Permitir que a luz me mostre as sombras e as possa iluminar e assim continuar escavando luz dentro de mim. É muito amor por fazer. É a proposta e travessia que escolhi fazer. E escolhi a melhor história de amor para me despertar as dores necessárias, indicar as feridas e pudesse iniciar a minha própria sanação. E o amor contém nele também coisa, presença e ausência, ódio e medo e o poder de despertar todo o tipo de emoções e ardores para que a cura esteja sempre a ser sinalizada como caminho e saída. Tantas e tantas vezes quantas as necessárias para que possa ir tentando todas as vezes atravessá-la. Cair e levantar para que perceba a condição frágil que é ser humano. E desenvolver a compaixão e resiliência. E se há momentos em que apetece desistir, nesses respiro mais fundo, relaxo um pouco mais e deixo-me ir.
Sentir que quando acho que entendi alguma coisa, foi só um lampejo que permite receber a aprendizagem seguinte com mais clareza e que não há fim nem princípio. Que na geometria sagrada tudo são espirais infinitas.
A mim cabe-me criar espaço para receber-me. Esvaziar a mente cheia de ideias, crenças e permitir que o vazio possa ser preenchido por este raio de luz que sou. Essa é a recordação que insisto que se torne permanente em mim. Sou luz, provenho da fonte e recordo-me. E enquanto isso vou esvaziando-me da programação instalada e faço-me canal.
Essa é a revisão, é a atualização do software a ser feita permanentemente, para limpar os bugs, os automatismos e fixações que o sistema tenta induzir.
Vou filtrando e limpando os filtros para chegar cada vez mais ao sentir do coração e do corpo e descondicionando a mente pensante que querer controlar e libertando as memórias gravadas no corpo.
Momento a momento silencio para que a minha alma se expresse através de mim, com o mínimo de interferência da minha personalidade.
Vou recuperando-me.