Observar as sincronicidades. Ficar à escuta. Sem um plano, alguns tópicos marcados na agenda e permitir que o resto suceda.
E no descorrer sobre as suas questões dar-se conta o quanto se implicava e exigia. E simplificar é tantas vezes retirar importância e abolir o chicote. Os padrões estão tão gravados que é preciso atenção para reparar e desformatar.
Atender aos chamados sem procurar entender ou dar explicações. Simples abraços traduzem o que muitas palavras não podem expressar.
E estar vivo é olhar e ser visto. E ela reparava enquanto caminhava e notava que também era reparada. E recebia espontaneamente sorrisos, bom dias dos passantes. E hoje recebe “Dói-me”, não respondendo por não saber se era consigo que o senhor falava, ele no momento que se cruza lado a lado diz “não me estás a ouvir?” E aí sim, respondo e presto atenção. O senhor identifica que lhe dói o pé, desejo-lhe as melhoras e ele agradece, seguindo caminho. Assim de simples, os milagres acontecem mesmo a tempo de nós irem transmitindo recados, lições, possamos nós tomá-las como medicina consciente nas nossas vidas.
O convite a despertar, a caminhar de olhos abertos. A acompanhar-nos plenamente. Mesmo que isso signifique quietude, presença enquanto as lágrimas correm e eu desabo à minha própria frente. E sem pressa permanecer com toda a disponibilidade do mundo. Ficar. E entender que viver tantas vezes carrega medo, tristeza e identificação com passado sofrido, com as dores dos outros e plenamente é aceitar a dança de todos os estados.
É que também pode ser leve. E cabe ao olhar querer ver e receber essa magia da contemplação, da apreciação a tudo o que se mostra. Sem peso, apenas com o sabor da experiência que traz consciência e sabedoria.
Tudo aporta. Como me quero aportar?! Que imagem e presença carrego acerca de mim. Que downloads estão vivos na minha pele e me reduzem?!
Que pensamentos, emoções e ação quero dançar?
Observo, apanho-me, denuncio-me e trago para dentro. Não desisto. E há momentos de cansaço, apatia e de não querer estar esforço. E volto a lembrar na tentativa de não repetir.
Vou apreciando a dança, os treino e descansando para possa ter espaço e tempo de observar.
O dia vai dando palavras, lições, métricas, melodias e vou afinando o tom e descartando pautas, para que a poesia sempre se faça.