Ali estava ela na sua demanda com o tempo. A dificuldade em chegar a horas. Vinha já a melhorar, os tempos reduziam, havia situações em que já chegava a horas e antes do tempo. E como nada é casualidade, hoje atrasava-se 15 minutos… e começava também a reduzir a pressa, o deixar de querer apanhar o tempo perdido.
E o tempo ganhava um novo ritmo, como tudo se acertasse. E agora era a sua vez de esperar. Aproveitava o tempo para se dedicar às palavras, observava-as e deixava-as sair. Sem terminar é chamada e o texto fica por continuar...
As surpresas continuam a suceder e o espelho retrovisor do seu veículo estava quebrado. Mais uma pérola por abrir. O tempo a revelar-se e a mostrar que o caminho é para a frente. Chega de olhar para trás.
Rapidamente se tratou e chegou o momento de um novo espelho. É que para seguir em frente também é preciso saber o que há lá atrás, para que não haja colisões. Um banho de mar refrescante, uma sesta rápida mesmo a tempo de recarregar frutas na mercearia do bairro e chegar a tempo para o encontro comigo mesma.
Justo com 6 minutos de atraso entro a tempo na sessão, para apanhar as boleias necessárias para seguir. Olhando dentro vai-se encontrando as ligações, juntando os fragmentos para que o tempo se junte e se possa estar mais presente.
E depois de tudo e de tanto encontrava o tempo para voltar a olhar e escrever sobre as novas descobertas e o tanto que se ia revelando de si. E as palavras da tarde simplesmente tinham desaparecido. Nada ficou guardado. Recordava o título, “a espera”. E ainda que partes do relato que a levaram a escrever se mantivesse, tudo se atualizava.
E a espera sempre permitia que observasse, que se sentisse e voltasse a novos lugares de si.