O mês de Setembro iniciou e apresentou-se logo à Cidade de Maputo com dias lindos, quentes, noites de lua cheia e nos trouxe aquele sol brilhante e amarelinho típico do nosso longo e quente verão.
Não me dei conta do início do nono mês do ano pelos dias quentes, sol e nada do que fora mencionado. Foram os corações e fotos de perfil amarelos nas redes sociais de amigos e desconhecidos que me anunciaram a chegada do mês de Setembro. Imediatamente, recordei-me do significado que este mês carrega e de coisas pelas quais passei e venho passando, associadas à saúde mental, a qual este mês é dedicado.
Setembro Amarelo é uma campanha de prevenção do suicídio criada pela Associação Brasileira de Psiquiatria que se espalhou pelo mundo inteiro. Diversas campanhas são desenvolvidas no mês de Setembro com o objetivo de educar, alertar, consciencializar e informar as pessoas sobre a saúde mental e a importância de buscá-la.
Por isso, decidi partilhar uma, dentre várias experiências que tive ligadas à saúde mental: a que tive com a Síndrome de Burnout. Até então, na minha experiência e vivência, desconhecida por muitos mas experimentada e vivida por tantos, aos montes.
Em algum momento da minha vida, senti-me extremamente doente e parecia ser do coração. Só podia ser do coração. Eu não tinha ar, não tinha forças, fôlego e nunca a minha pressão arterial esteve tão baixa; esteve tão baixa que a técnica de farmácia preferiu acreditar que a sua máquina estava avariada, pois eram inaceitáveis os números que ela via, dia após dia, máquina após máquina.
Eu não conseguia andar, comer, tomar banho, ler um livro, ouvir uma música de que gostava, assistir a uma aula e tantas outras coisas rotineiras com a naturalidade com que normalmente fazia estas coisas. Era tudo extremamente difícil de fazer. Assim, busquei ajuda médica, preparada para ouvir dizer que tenho um furo ou qualquer outro problema do coração. Esperava pelo pior e já me tinha conformado com o que ainda não conhecia. Nada me podia assustar, eu estava pronta !
A verdade é que sim, eu estava muito doente. O que descobri foi que não era do coração, era da mente. Eu estava doente fisicamente porque a minha mente, estressada e sempre desmerecedora de qualquer descanso, fabricara um esgotamento, agravado porque acompanhado de outros transtornos.
Eu não sabia, nunca tinha ouvido falar desta síndrome com a qual fui diagnosticada. Sobre os outros transtornos eu podia até dar aulas, estudava e aprendia todos os dias sobre eles, na tentativa de melhorar a minha vida e de não ter que abdicar dela, o que era pensamento meu de cada dia. Fiz isto sem nunca ter buscado ajuda profissional, pois era o que estava ao meu alcance, na época.
Eu perdi memórias e muitas das que restaram ficaram totalmente confusas. A minha mente era como um copo com água cheio até a borda: se eu ousasse deitar mais água para o copo, esta simplesmente transbordava, pois não havia espaço para sequer mais uma gota.
O passo seguinte foi buscar tratamento, cuidar de mim, da minha vida, dos meus projectos e fazer isto de forma contínua, incansável e, provavelmente, perpétua.
Mas o que é a Síndrome de Burnout ?
"A Síndrome de Burnout é uma perturbação psicológica causada pelo stress excessivo devido a uma sobrecarga ou excesso de trabalho. A palavra Burnout vem do inglês e significa "queimar até ao fim". Trata-se, portanto, de um esgotamento físico e mental decorrente de uma vida profissional desgastante e sobrecarregada, que incapacita o indivíduo de desempenhar tarefas quotidianas."
Isto diz-lhe alguma coisa ? Ao ler esta definição lembra-se de si ou de alguém querido que lhe seja próximo ? Eu tenho certeza de que a sua resposta a estas perguntas é positiva.
Aqui há-de encontrar melhores desenvolvimentos sobre este tema, pelo que recomendo que invista algum tempo nesta leitura. Adoraria que partilhasse comigo aspectos interessantes que tenha aprendido sobre o Burnout nas suas redes sociais com a hashtag #Coisassobreoburnout.
Se os sintomas descritos no site acima lhe são familiares e fazem parte do seu dia a dia, procure ajuda de um psicólogo ou converse com alguém que lhe possa orientar e apoiar na busca de soluções de tratamento.
Em Setembro e em qualquer mês do ano, cuide de si e das pessoas que ama. Somos todos susceptíveis a passar por situações como as que relatei. Devemos sempre cuidar da nossa mente, tal como cuidamos do corpo.
Bem sei o quão solitária e incompreendida esta caminhada pode ser, pois há ainda muita desinformação e falta de conhecimento sobre questões de saúde mental. Não conseguimos compreender a nós próprios e, muitas vezes, aceitar que nos encontramos nessa situação. Noutras vezes tememos que isto possa comprometer o nosso futuro e passamos a viver ansiosos, com medo.
Eu compreendo tudo isto e sou solidária para consigo e para com toda e qualquer pessoa que esteja a vivenciar ou que já tenha passado pela experiência de um esgotamento. Mas, posso afirmar que, felizmente, é possível voltar a ter saúde mental.
É importante que não desista de lutar contra este mal e de lutar para o seu bem. Quando o fardo estiver pesado, não desista de si, descanse. Viva um dia de cada vez, converse sobre as suas dificuldades com Deus, com amigos mas procure por ajuda de profissionais de saúde, pessoas habilitadas a fornecer as ferramentas de que necessita para buscar cura.
Lembre-se de que passar por estes episódios não faz de si uma pessoa fraca e de que é capaz de ultrapassar qualquer dificuldade que venha a enfrentar.
Cuide-se !
Com amor,
Jhessi 💛
Créditos
Foto 1: https://pin.it/6uAmfmh
Foto 2: https://pin.it/1K6rwn2
Foto 3: https://pin.it/1mr9KvO